quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Piratas! - Celia Rees

“Tenho uma doença que está além do alcance da medicina; mesmo meu bom amigo Graham não tem cura para ela. Assim que eu chegar em terra, vou querer partir de novo. Meu lar é o navio. Minha pátria é o mar.”

Página 80



Ficha do Livro:

Título: Piratas!: as verdadeiras e memoráveis aventuras de Minerva Sharpe e Nancy Kington, mulheres piratas
Título Original: Pirates!: the true and remarkable adventures of Minerva Sharpe and Nancy Kingston, female pirates
Autora: Celia Rees
Editora: Cia. Das Letras
Ano: 2003/2007
Tipo: livraria
Linha do Tempo: Histórico
Protagonistas: Nancy e Minerva

Sinopse:

Ambientado no início do século XVIII, a protagonista é a jovem inglesa Nancy, herdeira de uma fazenda de produção de açúcar na Jamaica. Depois da morte do pai, Nancy, que vive em Bristol, é obrigada pelos irmãos a viver na fazenda e lá se torna amiga de uma escrava negra de sua idade, Minerva, a quem salva de ser estuprada pelo cruel capataz da fazenda. Obrigadas a fugir, as duas acabam se integrando à tripulação de um navio pirata, onde passam a viver como "marujas".

A jornada de Nancy e Minerva na pirataria as leva das Antilhas aos Estados Unidos e à África, numa seqüência emocionante de aventuras que incluem saques a navios mercantes, confrontos entre navios-piratas e enfrentamentos com a Marinha inglesa. Todos os aspectos da vida dos piratas são apresentados com cores vivas, e ao lado de Nancy e Minerva o leitor participa de um duelo, sofre os horrores de uma cerimônia de iniciação de novatos e naufraga em alto-mar.

Em meio a tudo isso, Nancy vive um dilema, dividida entre a lealdade à amiga - que a mantém na vida de pirata - e o amor por um jovem oficial da Marinha inglesa, ex-companheiro de infância a quem Nancy devota um amor verdadeiro e que representa valores completamente opostos aos da pirataria. 

Nancy é uma menina inglesa no século XVIII, órfã de mãe. E quando o pai morre é mandada para a fazenda da família na Jamaica. Lá ela faz amizade com Minerva, que tem sua idade mas é uma escrava. Seus irmãos querem casá-la com o brasileiro Bartholomeu, e no mesmo dia que descobre isso, para salvar sua amiga Minerva, ela mata o capataz da fazenda.
Só resta uma coisa para elas fazerem: fugir o mais depressa possível para o mais longe possível.

Com a ajuda de outros escravos da fazenda, Nancy e Minerva chegam num acampamento de escravos fugidos, e são “adotadas” por eles. Mas o perigo ainda estava perto, então surge uma oportunidade única, um navio pirata está fazendo negócios com o grupo de ex-escravos, e as duas garotas mais do que depressa se candidatam a se tornar piratas.

E eis que começa a aventura de duas mulheres piratas.

O livro é muito interessante, contado inteiramente do ponto de vista da Nancy, por vezes sabemos muito pouco do que está acontecendo. Mas a descrição é super detalhada, e a autora perece ter realmente feito uma pesquisa intensiva sobre pirataria.
Achei muito linda a amizade da Nancy com a Minerva. As duas vieram de realidades super diferentes, Nancy uma menina rica da Inglaterra, e Minerva uma pobre escrava que aprendeu que não deve falar de modo algum e que deve adivinhar o que “seus senhores” desejam. E elas se tornam grandes amigas:


“Eu escuto o que você diz, mas não faz nenhuma diferença. Quando você vai? Eu também vou.” Página 149
Uma coisa que achei muito chato foi o papel do romance. Estava esperando mais. Já no começo do livro conhecemos William, que era então o melhor amigo da Nancy. Quando ele aparece novamente, já mais crescido, assim como ela, os dois começam um romance – se é que pode ser chamado assim. Mas então Nancy é mandada para a Jamaica e eles perdem o contato. E ela fica o livro inteiro pensando no William, mas romance que é bom? Nada. E poderia ter sido trabalhado de uma forma tão interessante, por ela ser uma pirata e ele um oficial da Marinha.
O vilão oficial da história é um brasileiro. Algo muito diferente do que eu esperava. É muito raro ler em livros estrangeiros algum personagem brasileiro, e neste o vilão é brasileiro, e fala português, é rico, fazendeiro, e além de ter fazenda na Jamaica, possui uma enorme propriedade em Manaus. Dá para acreditar? Ela nem pegou cidades mais óbvias ou conhecidas como Rio de Janeiro ou Salvador (para época).
Enfim ele é muito mau. Mau mesmo. E ele faz de tudo para ter ela.
Então a história retrata mais a fuga dela desse Bartholomeu, do que um romance com William.
Mas é mais do que isso, mostra o crescimento destes personagens, fala de aventura, coisas novas e amizades, principalmente amizades.
“Aventura e descoberta. Essa era a vida para mim. Não seria esplêndido? Robert não concordava? Ele sacudia a cabeça, e seus olhos tristes e escuros assumiam uma expressão de pena e pesar: uma vida dessas não era para mim. Eu era menina. De qualquer forma, piratas eram homens ateus e estavam todos destinados a ir para o inferno. Era melhor eu ler o Progresso do peregrino. Eu continuava a ler numa atitude desafiadora, levantando meu livro para que ele não pudesse ver meu rosto. Estava vermelha e ameaçava chorar. Até então eu não tinha percebido que ser uma menina seria uma desvantagem tão grave.” Página 22
Enfim, a narração é ótima. O livro é muito bom. Mas eu esperava mais. Teve horas que minha paciência se esgotava, onde parecia mais descrição do navio ou de um ataque do que a história se desenrolando. Ela usou muito tempo para coisas fúteis, e faltou tempo para concluir alguns pontos de melhor forma. O fim é decepcionante, como se ela estivesse deixando uma brecha para fazer uma continuação.

Mas acho que vale a pena ler o livro, se você gosta de personagens femininas fortes, piratas e aventura.

E assim termino com uma citação que achei maravilhosa, da querida Phillys, na página 181:
“Não tema o amanhã antes que hoje tenha terminado”.




Essa resenha foi feita para o Desafio de Férias, promovido pelo blog da Garota It. Já li outros dois, que só estão esperando que eu escreva a resenha.







1 comentários:

Unknown disse...

Olá!

Essa temática histórica é uma de minhas prediletas, apesar de esta ter alguns probleminhas de "nomeação". Por exemplo, pelo que eu entendi na sinopse, Nancy é inglesa e vive nas Antilhas. Porém, na época existiam as Antilhas Francesas também, e quiçá as Antilhas Holandesas, de modo que não era qualquer "Antilhas". A técnica de produção de açúcar na época, apesar de desnecessária e um pouco ultrapassada, acaba sendo considerada "correta".
É claro que isto não é um erro seu, é da escritora. Sua resenha retrata com objetividade o que o livro diz de forma sucinta e explicativa, o que eu valorizo muito em um artigo.

Espero que não se importe com as notas que aqui coloquei. Abraços e sucesso!

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